Como diferenciar se a falta de ar, pode ser um sintoma do coronavírus ou ansiedade

A falta de ar é um dos sintomas que caracterizam casos graves do coronavírus, mas também é um dos sintomas, de pessoas que sofrem de ansiedade e ataque de pânico. O surgimento da pandemia do coronavírus, tem desencadeado uma crise de pânico no mundo todo, por isso é importante considerar, se a dificuldade respiratória pode ocorrer como resposta emocional.

Entenda a ansiedade para mudar a sua atitude diante da situação atual

“Para aprender a lidar melhor com a ansiedade, primeiro precisamos entender este sentimento e como nosso corpo reage neste momento. “

A ansiedade é uma herança genética que carregamos desde a época dos nossos ancestrais que viviam em cavernas. Neste período era vital uma reação automática, quando estivessem frente a um perigo, fossem capazes de uma ação imediata (atacar ou fugir).

Cientificamente, ansiedade é definida como reação de luta ou fuga, um mecanismo automático, que prepara o corpo para reagir a um perigo. Então o cérebro toma uma decisão, para se defender ou correr. Esta é uma resposta necessária quando nos deparamos com um perigo físico real, mas no mundo de hoje, muitas de nossas percepções de perigo são psicológicas.

Mas mesmo em nosso mundo moderno este é um mecanismo necessário. Imagine que você está atravessando a rua quando de repente um carro vem em sua direção, com toda velocidade e buzinando. Provavelmente, sua reação de luta-e-fuga tomaria conta e você correria para sair do caminho e ficar em segurança.

A ansiedade também nos prepara para buscarmos recursos internos e nos preparar para situações que causam insegurança psicológica, como por exemplo uma viagem para o exterior, onde a preocupação no nível adequado, pode ser direcionada no planejamento e busca de soluções, para possíveis problemas, que a pessoa poderá enfrentar, em um cotidiano completamente diferente do que está acostumado.

Quando a “ansiedade se torna um problema”

Especialistas acreditam que pessoas que “sofrem com a ansiedade”, respondem às situações do cotidiano no “modo de sobrevivência”.

A ansiedade se torna um problema, quando há um excesso de preocupação, um exagero na avaliação dos riscos, subestimando a própria capacidade de resolver possíveis problemas.

Quando alguma forma de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia mensagens ao sistema nervoso, que libera energia e coloca o corpo pronto para ação, produzindo algumas reações físicas como: aumento do batimento cardíaco, respiração acelerada, tensão muscular.

A falta de concentração causada pela ansiedade, é o efeito número um da reação de luta-e-fuga. Como há uma mudança automática e imediata na atenção para pesquisar o ambiente em busca de ameaças em potencial, passa a ser muito difícil concentrar-se em tarefas diárias quando alguém está ansioso.

Ataques de pânico surgem em decorrência da ansiedade, que muitas pessoas sofrem na atualidade. É como se fosse a ansiedade num pico muito elevado, é por isso chamado de ataques de pânico.

Todas essas mudanças repentinas devido a pandemia e o medo de ser infectado pelo vírus ou que algum familiar possa ficar doente, podem ser fatores que propiciam o surgimento de fortes crises ansiedade e sintomas de ataque de pânico.

Mas como diferenciar se os sintomas são emocionais ou físicos? Segundo especialistas, a duração do sintoma, a forma como ele aparece e os outros sinais que o acompanham são fatores que podem ajudar a entender se o quadro está ligado a origem psicológica ou físicos como a infecção pelo novo coronavírus.

Reconhecendo os sintomas 

O ataque de pânico surge aparentemente sem uma causa específica, pode surgir quando a pessoa está dormindo, e pode estar associado a sintomas como taquicardia, sudorese, tremores, formigamento e boca seca. Há um forte sentimento de medo do que a pessoa está sentindo, medo de perder o controle, medo do que vai acontecer e medo de morrer. No caso de pânico, intensificado por situações alarmantes como a atual, como resultado do medo, a respiração fica acelerada, podendo gerar falta de ar.

No caso do coronavírus, a falta de ar está associada com outros sintomas como gripe, congestão nasal, tosse e febre, não necessariamente associada a esses pensamentos de perder o controle e do medo da morte.

Duração dos sintomas

Durante o ataque de pânico a pessoa, pode ter uma falta de ar associada aos medos em um primeiro momento, e depois podem surgir os outros sintomas ou não. Geralmente, a falta de ar,  vem associada a esses pensamentos, que liberam hormônios do stress, mas estes sintomas têm um pico, que em média duram cerca de dez minutos, fazendo com que a falta de ar desapareça aos poucos.

A falta de ar decorrente do pânico pode aparecer sem estar associada aos outros sintomas físicos, como a sudorese e o formigamento, mas na maioria dos casos está associada aos pensamentos fatalistas.

A doença causada pelo vírus afeta os pulmões e, por isso, pode gerar uma dificuldade respiratória mais prolongada (especialmente se não houver assistência médica).

O que fazer em casos de Ansiedade ou Pânico

Em casos assim, o indicado é tentar relaxar, buscando um local calmo que, de preferência, seja aberto, e fazendo exercícios de respiração. Neste momento de estresse, ansiedade e confinamento, podemos fazer alguns exercícios simples de respiração que nos ajudam a trazer mais calma e diminuir a ansiedade. É possível perceber através da respiração que você está ansioso. Isso ocorre quando a respiração está muito focada na parte de cima do corpo, e também é mais rápida e curta.

Quando estamos tranquilos, tendemos a inspirar e expirar lentamente com profundidade, o que evidencia a extensão e a contração do abdômen.

Exercícios de respiração para diminuir a ansiedade

 

Respiração abdominal

Recomendamos que você faça este exercício deitado(a) e com as luzes apagadas.

1)Sente-se ou deite-se de forma confortável com a mão na altura do umbigo.

2) Inspire pelo nariz contando até 4 e encha os pulmões de ar. Você pode imaginar que está enchendo uma bexiga que está dentro de sua barriga.

3) Retenha o ar por dois tempos (conte até dois mentalmente), mantendo a barriga e os pulmões cheios.

4) Expire lentamente pela boca, contando mentalmente até seis, esvaziando completamente o pulmão e o abdômen. Faça esse exercício por 5 minutos!

Respiração quadrada

Nesse tipo de respiração, a cada inspiração e expiração, existe uma pausa. Inspire contando lentamente até quatro, depois segure o ar nos pulmões por mais quatro segundos. Expire lentamente por quatro segundos e, após esvaziá-los, mantenha-se assim por mais quatro segundos. É como se você, ao final, estivesse formando um quadrado respiratório, com quatro segundos em cada passo.

Expiração alongada

A prática é semelhante à anterior, no entanto, enquanto você inspira por quatro segundos, a recomendação é expulsar o ar pelo dobro do tempo (por oito segundos).

O resultado acontece porque a inalação está relacionada ao sistema nervoso, que controla o mecanismo de luta e fuga, produzido uma reação automática de defesa, em momentos de estresse e ansiedade.  A expiração está relacionada ao sistema nervoso, que influencia a nossa capacidade de relaxamento.

Alternando as narinas

Com a ajuda do dedo indicador, pressione uma narina. Na sequência, inspire e expire puxando e soltando o ar pela mesma narina. Repita os mesmos passos com a outra narina. Assim como todas as anteriores, essa técnica acalma porque faz com que você se concentre no momento presente.

E por fim lembre-se que a forma como você interpreta o que você sente, influencia os seus sentimentos. Perceber as emoções te ajudará a aumentar as formas de lidar e adequar as nossas emoções. Quanto mais você puder separar-se de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimento externos, melhor você se sentirá. Esteja com seus sentimentos, mas não seja eles; seja apenas um observador. Crie o novo hábito de repensar a forma como você interpreta seus sentimentos e emoções negativas. Pense que os sentimentos negativos e desagradáveis são momentâneos, e que você pode tolerar esta sensação que é passageira.

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