casal intercultural

Na alegria ou na tristeza. E nas diferenças culturais.

Lembra aquela promessa de quando casamos? “Prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te e sendo-te fiel em todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.”

No caso de casais com diferenças culturais, deveríamos acrescentar: “prometo te compreender e aceitar mesmo com todas as nossas diferenças”. Aliás, pensando bem, isso deveria servir para todos os casais, né?! Mas, como eu não sou juiz de paz e sim psicóloga, vou te dar algumas dicas da vida real para lidar com os conflitos causados pela diferença de cultura.

DISTORÇÕES DE PENSAMENTOS

Sabemos que é necessário mais do que paixão e amor para manter qualquer relacionamento. Mas, para nutrir um relacionamento intercultural, o ingrediente principal é muita flexibilidade mental.

Você precisará rever constantemente todas as suas crenças e valores, aceitar o que pode parecer estranho e diferente porque, o que parece estranho para você, é natural para a outra pessoa. A visão parcial, polarizada, de cada pessoa, limita o casal na busca do autoconhecimento e no ajuste nos traços de personalidade que precisam ser ajustados que, muitas vezes, podem ser confundidos ou generalizados por certos padrões culturais.

Nossos pensamentos têm uma grande influência sobre nossas emoções. Assim, se nossa forma de pensar for negativa e equivocada, nossas emoções serão instáveis e negativas.

Todos nós temos algumas distorções ao perceber as situações, mas em sua forma extrema, podem afetar negativamente a maneira como interagimos com os outros, como amamos a nós mesmos e como vivemos nossas experiências.

Os julgamentos negativos e preconceitos culturais podem acontecer de forma instintiva, inconsciente e fora do nosso controle, principalmente se estivermos ansiosos, estressados ou deprimidos.

RÓTULOS CULTURAIS 

rótulos culturais
diferencas culturais

Para te ajudar a identificar este padrão de comportamento, listo abaixo alguns tipos de distorções de pensamentos mais comuns entre casais de diferentes culturas.

Rotulação

Esta é uma forma extrema de generalização, colocando um rótulo global e rígido em alguém ou situação, ao invés de avaliá-los como um todo. “A família da minha namorada(o) me trata com frieza pois eu sou estrangeiro(a)”;

Leitura de mente

Muito comum entre casais que falam idiomas nativos diferentes, quando seu parceiro está falando em outro idioma e você concluiu que ele está reagindo negativamente em relação a você. Se concluir isso, é importante verificar se é verdade, pois pode não ter sido aquilo e/ou pode não ter significado o mesmo para ele.

“Eu escutei ela falar o meu nome ao telefone, mas falou muito rápido em inglês, deve estar reclamando que estou sempre atrasado.”

Desqualificar os aspectos positivos

Você rejeita experiências positivas, insistindo que “não contam” por algum motivo. Desta forma, mantém uma crença negativa sobre si mesmo ou sua cultura.

“Todos os amigos do meu marido e família me elogiam dizendo que tenho uma beleza exótica, mas eu acho que eles só falam isso para me agradar.”

Magnificação ou minimização

Você exagera a importância das coisas, os seus problemas ou as conquistas dos outros. Ou você incorretamente diminui as coisas até parecerem insignificantes, como suas próprias qualidades ​​ou as imperfeições. “Eu nunca vou conseguir falar inglês com a fluência de um nativo. Eu sempre vou ter um sotaque forte e vou ser tratado diferente por ser estrangeiro”.

Afirmações do tipo “deveria”

Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, com demandas feitas sobre si, outros e situações por não aceitar as coisas como são.

“Ele deveria fazer mais esforço para conversar e se integrar com meus amigos”

DESFAZENDO OS RÓTULOS CULTURAIS E NUTRINDO A RELAÇÃO

Com o tempo você pode aprender a rever seus preconceitos e distorções das suas percepções. Faça uma análise de seus pensamentos distorcidos, isso te ajudará a identificar uma série de percepções que não condizem com a realidade e os fatos. Se fizer essa análise constantemente, você irá identificar padrões negativos e distorcidos em sua forma de pensar e poderá revertê-los. Entendendo melhor, conseguimos dominar este desafio e levar uma vida mais leve.

nutrindo a relacao
cultivar o amor

Cultive o amor e mantenha o melhor das duas culturas

Apesar de todas as diferenças culturais, vocês podem unir as forças, mantendo as características positivas das duas culturas. Eu costumo admirar a beleza física de crianças que nascem de pais com diferenças étnicas e raciais. Pois vejo que a fusão traz uma beleza exótica e única. E acredito fielmente que o mesmo pode acontecer no relacionamento amoroso do casal, se ambos estiverem dispostos a fazer esta união.  Esta fusão deve partir de dentro para fora, dos seus pensamentos, crenças e valores. E essa mistura, poderá trazer um resultado positivo e surpreendente.

Como manter o relacionamento com as diferenças de linguagem?

 

Lidar com a barreira do idioma pode ser frustante, por isso você precisa ser paciente. Às vezes, pode haver mal-entendidos, mas você pode ficar mais em sintonia com seu parceiro, se não confiar apenas em palavras para manter um relacionamento saudável entre vocês.

Pode não ser apenas o idioma que é diferente – você também está entrando em um relacionamento com alguém de um repertorio cultural que pode ser completamente estranho ao seu. Aprender sobre a vida sob uma perspectiva cultural diferente pode tornar um relacionamento mais próximo e mais interessante.

Preste mais atenção às pistas não verbais
observação
comportamentos

Algumas coisas – talvez até as mais importantes – podem ser comunicadas de outras maneiras, como a linguagem corporal e o tom da voz. Então, se enfrentam quando você está falando. Preste mais atenção à linguagem corporal, gestos, expressões faciais.

Seja paciente

Pode demorar mais do que o habitual para ter uma conversa, então esteja preparado! Portanto, desde o início, espere que haja alguns mal-entendidos e tente ser paciente e não fique frustrado quando não se entenderem.

Não se ofenda

Lembre-se de que culturas diferentes têm idéias diferentes sobre o que é tabu e o que não é, e também algumas culturas são mais diretas em seus discursos do que outras. Portanto, o que pode parecer prejudicial ou insensível a você pode não ter sido intencionado dessa maneira.

Aprenda o idioma um do outro

Faça um esforço para aprender o idioma da outra pessoa – e tente usá-lo sempre que puder, não tenha medo de cometer erros e peça ao seu parceiro(a) para repetir a frase novamente ou de uma maneira diferente, se você não conseguir entender da primeira vez.

Evite transformar o relacionamento em um curso de idiomas

Embora possa ser mais fácil no curto prazo, tente não confiar no seu parceiro para traduzir o tempo todo ou ensinar o idioma dele. Quando estiver com seu parceiro, não transforme cada vez que estiver juntos em uma aula de idiomas. A menos que seu parceiro peça, tente resistir a corrigir todos os pequenos erros que ele ou ela cometer. Se o seu parceiro o corrigir, tente não se irritar.

Sempre pergunte e use um dicionário

Se você realmente não entende ou não tem certeza sobre algo que seu parceiro diz, pode ser tentador apenas concordar com a cabeça, mas não diga nada e espere que você esteja certo, caso contrário, isso pode criar muitas confusões e mal-entendidos.

Mantenha um dicionário de bolso à mão ou use um aplicativo, isso é muito útil, especialmente se você está em uma conversa importante e deseja realmente garantir que seu parceiro entenda exatamente o que você quer dizer.

Além disso, tome cuidado com o uso de coloquialismos, pois seu parceiro pode não entender e você corre o risco de ser tomado de maneira muito literal.

Por fim,  seja a sua melhor versão, absorvendo as características positivas da outra cultura e deixe as marcas positivas de sua cultura também.

Espero que você tenha gostado deste texto e te ajude a manter a  esta linda mistura de um relacionamento intercultural, porque uma boa receita é feita da mistura de bons ingredientes.

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